Filosofias do Joker

Não tente entender... apenas saiba que na escuridão se esconde a verdadeira paz interior; e que em seu silêncio e solidão, estão as respostas para tudo...


Resolvi desistir.
Cansei de tentar.
Agora parti
pra não mais voltar.

Acordei dos meus sonhos.
Esqueci das promessas.
O tempo não pára,
envelheço depressa.

Teus olhos, recordo.
Foi melhor assim?
Talvez. Começo?
Não. O fim.

Então, apenas lhe peço,
nessa breve despedida.
Lembra, sempre, meu nome
por toda tua vida.

O tempo, feroz, voa.
Não deixa ficar o que passou.
Foi bom. Sim, eu sei.
Porém, acabou.

Já foi.
Já fui.
Já era.

Luto por ideais só meus, não me importo com mais ninguém.

Meu destino eu mesmo traço, e aos que atravessarem meu caminho, não haverá perdão.

O olhar derrotado de meus inimigos é o meu maior triunfo.

Meu sangue no campo de batalha é prova de sacrifício.

Meu choro me faz ser humano.

A guerra me faz sentir em casa.

A vontade de vencer me torna mais forte.


Implacável. Impiedoso. Cruel.

Você.


É engraçado procurar respostas para questões que não podem ser respondidas. É irritante esbarrar em algo para o qual nem mesmo respostas posso procurar.

É intrigante tentar te decifrar.


É alta madrugada. Eu, sentado à beira da cama, levo as mãos à cabeça. Muitas coisas estão presentes no meu pensamento. Em meu pensamento as coisas não fluem. Se chocam, conflitando as minhas convicções e aumentando as minhas dúvidas.

Procuro desesperado pelo quarto, algo que me ajude, que me ensine. O whisky sobre a cômoda me atrai. Talvez nele encontre uma resposta para tudo. É um desafogo. Um alívio. Um esquecimento.

Sinto-me melhor. Estou fora de mim, da realidade. Apenas fazem sentido para mim, as luzes e sirenes lá fora. Posso inventar as coisas que eu quiser. Tudo na vã tentativa de te esquecer.

Deito na cama. Olho para o teto. A sensação boa agora some. Choro. Te vejo.


Teu rosto, uma luz.
Tua voz, melodia.
Teus olhos, a noite.
Teu sorriso, o dia.


Como pode, alguém fazer nossos dias mais felizes? Simplesmente não sei dizer...

Acordo pensando em alguém que julgo ser de extrema importância para o meu dia. Sua pele macia e suave, como o orvalho gélido das manhãs de inverno. Sua presença é vital, me dá força para encontrar as respostas para os enigmas mais complexos.

Sua voz calma e delicada, me alivia da loucura do dia-a-dia. Tranquiliza, renova... soa aos meus ouvidos como a mais bela e doce melodia.

Vejo seus olhos negros, cintilantes, toda vez que olho para a noite sem estrelas. Estremeço toda vez que te encaro, te fito, e meu olhar encontra o teu.

Teu sorriso ofusca até mesmo o mais intenso raio de sol. Você faz com que o resto do mundo fique cinza sem tua presença, desbote com o teu choro e se encha de vida e cor no instante em que sorri.

Teus cabelos brilham como o mármore negro, que encanta pela beleza e imponência. Teu perfume é mais doce que o cheiro das rosas. Você, é magnificamente você.

Teus lábios que ardem, em curvas suaves e bem desenhadas, me deixam completamente hipnotizado. Embora encantado, sei que deste mel não poderei provar. Este prazer é para mim proibido.

Teu jeito meigo, especial, me faz sentir a importância de cada fração de segundo junto a ti. Me faz ter noção de que o tempo não pára, e que o presente sem que percebamos, acaba virando passado... e o passado, não volta.

Procuro teu rosto nas outras pessoas. Eu chamo teu nome, mas nunca recebo resposta. Apenas ouço os ecos de uma procura em vão.

Em meu quarto escuro, passo horas sem dormir. A noite me afoga numa ânsia pelo nascer de um novo dia, pois poderei te ver novamente. Tudo que penso me traz você. E quando finalmente durmo, sonho com o teu olhar. Não sei se é sonho ou pesadelo, se gosto ou odeio, se me sinto bem ou sofro mais. A única certeza é que em tudo que eu faço, aonde eu vou... sempre... lá está você.

Não sei se estou louco, se hoje respondo por mim...

Como é possível, meu Deus, existir alguém assim?


As vozes que escuto dizem
Coisas que não sei decifrar.
Gélido e pasmo, meu corpo
Arrepia ao ouví-las falar.

Não consigo entender essas vozes.
Não sei o que querem dizer.
Delas, só tenho uma certeza.

Sussuram.
Ecoam.
Assustam.


Me encontro sentado, observando a chuva que cai ferozmente na rua... a chuva que bate com violência na vidraça de minha janela.

Ouço o seu tilintar estrondoso e ritmado... decifro os desenhos que se formam no vidro enquanto a água escorre por veios indefinidos...
Penso longe... lembro tudo... não vejo nada.
Distante daqui está alguém. Alguém daqui está distante. Distante, mas tão perto... tão perto, mas tão ausente... ausente, mas tão importante... tão importante que nunca existiu.

Foi tudo tão fugaz, que como num piscar de olhos acabou. Como num piscar de olhos, foi imperceptível... como num piscar de olhos, foi insignificante.

Em uma espécie de transe, ouço as vozes que ecoam no vento que ruge. As vozes de línguas estranhas através do vento que vocifera inconstante, tremendo minha janela.

Desvio, por um segundo, a atenção na chuva e no vento e olho para o criado-mudo ao lado de minha cama.

Sobre ele vejo teu retrato... nele vejo teu olhar... tua sombra... nele vejo alguém que não passa de ilusão... alguém que não existe.

Novamente, volto os meus olhos para a chuva que cai na rua e bate em minha janela... sinto o seu chocar violento com a vidro... vejo as formas ocultas que nela se escondem... sinto-me parte daquilo tudo...


Finalmente, acordo para a vida...


As minhas perguntas são aquelas que ninguém consegue responder. Meus segredos são aqueles que ninguém pode saber. São meus demônios, minhas chagas... as carregarei para sempre.

A questão é: "O que realmente eu estou procurando?"

Tenho perguntas fundamentadas, mas também tenho incompletas, faltando os elementos nas lacunas. Elementos sem os quais não consigo me encontrar em meio às dúvidas.

É um jogo compulsivo, o qual quanto mais a gente perde, mais a gente quer jogar e buscar respostas... isso me assusta pois não sei até quando continuarei jogando.

A vida é um jogo o qual não precisamos planejar a nossa próxima jogada. Minha próxima jogada está manjada, estou perdendo... não há mais o que jogar. Mas a compulsão pelo jogo me atrai... me fascina...

É como o Xadrez, mas sem planejamento. Você observa, pensa... mas não planeja. E quando está perdendo, ao invés de proteger o "rei" do "xeque-mate", você deixa ele exposto, desprotegido... porque sentir a adrenalina pulsando na ameaça do fim é muito mais prazeroso do que fugir da derrota iminente.

O jogo começou há tempo... regras não existem...


Você está preparado para jogar?