Me encontro sentado, observando a chuva que cai ferozmente na rua... a chuva que bate com violência na vidraça de minha janela.
Ouço o seu tilintar estrondoso e ritmado... decifro os desenhos que se formam no vidro enquanto a água escorre por veios indefinidos...
Penso longe... lembro tudo... não vejo nada.
Distante daqui está alguém. Alguém daqui está distante. Distante, mas tão perto... tão perto, mas tão ausente... ausente, mas tão importante... tão importante que nunca existiu.
Foi tudo tão fugaz, que como num piscar de olhos acabou. Como num piscar de olhos, foi imperceptível... como num piscar de olhos, foi insignificante.
Em uma espécie de transe, ouço as vozes que ecoam no vento que ruge. As vozes de línguas estranhas através do vento que vocifera inconstante, tremendo minha janela.
Desvio, por um segundo, a atenção na chuva e no vento e olho para o criado-mudo ao lado de minha cama.
Sobre ele vejo teu retrato... nele vejo teu olhar... tua sombra... nele vejo alguém que não passa de ilusão... alguém que não existe.
Novamente, volto os meus olhos para a chuva que cai na rua e bate em minha janela... sinto o seu chocar violento com a vidro... vejo as formas ocultas que nela se escondem... sinto-me parte daquilo tudo...
Finalmente, acordo para a vida...
1 comentários:
muito bonito...bjs Sonia
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