Filosofias do Joker

Não tente entender... apenas saiba que na escuridão se esconde a verdadeira paz interior; e que em seu silêncio e solidão, estão as respostas para tudo...


As vozes que escuto dizem
Coisas que não sei decifrar.
Gélido e pasmo, meu corpo
Arrepia ao ouví-las falar.

Não consigo entender essas vozes.
Não sei o que querem dizer.
Delas, só tenho uma certeza.

Sussuram.
Ecoam.
Assustam.


Me encontro sentado, observando a chuva que cai ferozmente na rua... a chuva que bate com violência na vidraça de minha janela.

Ouço o seu tilintar estrondoso e ritmado... decifro os desenhos que se formam no vidro enquanto a água escorre por veios indefinidos...
Penso longe... lembro tudo... não vejo nada.
Distante daqui está alguém. Alguém daqui está distante. Distante, mas tão perto... tão perto, mas tão ausente... ausente, mas tão importante... tão importante que nunca existiu.

Foi tudo tão fugaz, que como num piscar de olhos acabou. Como num piscar de olhos, foi imperceptível... como num piscar de olhos, foi insignificante.

Em uma espécie de transe, ouço as vozes que ecoam no vento que ruge. As vozes de línguas estranhas através do vento que vocifera inconstante, tremendo minha janela.

Desvio, por um segundo, a atenção na chuva e no vento e olho para o criado-mudo ao lado de minha cama.

Sobre ele vejo teu retrato... nele vejo teu olhar... tua sombra... nele vejo alguém que não passa de ilusão... alguém que não existe.

Novamente, volto os meus olhos para a chuva que cai na rua e bate em minha janela... sinto o seu chocar violento com a vidro... vejo as formas ocultas que nela se escondem... sinto-me parte daquilo tudo...


Finalmente, acordo para a vida...


As minhas perguntas são aquelas que ninguém consegue responder. Meus segredos são aqueles que ninguém pode saber. São meus demônios, minhas chagas... as carregarei para sempre.

A questão é: "O que realmente eu estou procurando?"

Tenho perguntas fundamentadas, mas também tenho incompletas, faltando os elementos nas lacunas. Elementos sem os quais não consigo me encontrar em meio às dúvidas.

É um jogo compulsivo, o qual quanto mais a gente perde, mais a gente quer jogar e buscar respostas... isso me assusta pois não sei até quando continuarei jogando.

A vida é um jogo o qual não precisamos planejar a nossa próxima jogada. Minha próxima jogada está manjada, estou perdendo... não há mais o que jogar. Mas a compulsão pelo jogo me atrai... me fascina...

É como o Xadrez, mas sem planejamento. Você observa, pensa... mas não planeja. E quando está perdendo, ao invés de proteger o "rei" do "xeque-mate", você deixa ele exposto, desprotegido... porque sentir a adrenalina pulsando na ameaça do fim é muito mais prazeroso do que fugir da derrota iminente.

O jogo começou há tempo... regras não existem...


Você está preparado para jogar?